Capítulo 12 - Fim do Mundo
Diogo chegou a
casa e encontrou Eva sentada no sofá, a chorar. Reparou no teste de gravidez
que ela segurava na mão. Rangeu os dentes, irritado, e respirou fundo. Sempre
tomaram precauções. Nem ele nem Eva queriam filhos. O que estava ela a fazer
com um teste de gravidez nas mãos? Era só o que faltava agora. Não bastava
aquilo pelo que ele estava a passar? Não bastava o facto de não conseguir viver
com ele próprio e com as atrocidades que tinha vindo a cometer? Um filho? E se
tivesse as mesmas tendências que ele? Não queria trazer mais um monstro ao mundo.
Um monstro sem escrúpulos que não consegue controlar as suas emoções, o seu
apetite monstruoso... Cerrou os punhos e aproximou-se de Eva.
- O que
significa isto, Eva? – perguntou, tentando parecer calmo. – Não temos tomado
todas as precauções? Como é possível?
Eva, olhou para
ele com os olhos vermelhos e abriu a boca. Não conseguia falar. Diogo,
pressentiu que o caso era muito mais grave do que pensou. Passou-lhe uma ideia
maluca pela cabeça, mas não era possível. Era completamente impossível.
Sentou-se ao lado de Eva e segurou-lhe ambas as mãos.
- Olha, não é
nada que não se resolva. Não é o que queríamos mas temos formas de resolver
isto.
- Não entendes,
Diogo. Não entendes... Isto é... Eu... – as palavras saiam entre soluços. –
Diogo... O teste... O teste... O teste não é meu! – Tapou os olhos com as mãos,
e afogou a cabeça no ombro de Diogo. – A nossa menina.... A nossa menina...
Diogo... Eu... Como posso.... A nossa menina!
Diogo, sentiu o
coração parar! Não podia ser. Era impossível. Sempre prestou atenção. A miúda
ainda nem sequer era menstruada. Ainda era uma criança inocente. Era
impossível. Não. Não podia ser.
- Eva, tem
calma. Tens a certeza do que estás a dizer? A Deborah ainda é uma menina.
- Eu... Eu
sei... Eu também... Ela ainda nem sequer tem o período. Como pode a minha bebé
estar grávida? Certo? Não faz sentido... Mas o que estava a fazer este teste
escondido na gaveta dela?
- Não sei. Olha,
pode ser daquela amiga dela a Sheila. Aquela miúda já deixou de ser inocente há
muito tempo. Bem vejo os rapazes com quem anda metida. Na volta deu à Deborah
para esconder. Não vejo outra explicação.
- Pois... Também
pensei nisso, Diogo. Mas então porque é que nossa menina ainda não voltou da
escola e não me atende o telefone? Isto não é normal! Já liguei para a Sheila e
disse que não a viu. Diogo! Isto só pode ser da Deborah. Por mais que me
custe... Só pode...
Diogo,
instintivamente, pegou no telefone. Ligou várias vezes. Do outro lado da linha,
a chamada entrava sempre no caixa de mensagens de voz. Começou a sentir suores frios
e um frio horrível a subir-lhe a espinha. Não podia ser. Não podia ser. Se isto
fosse verdade seria o fim. Seria o fim de tudo. O mundo deixaria de existir.
- Diogo... –
Eva, olhou para ele com ar de súplica. – Como pode? Como pode a nossa menina
estar grávida? Como? Quem? Ela só fala com a Sheila. Nunca falou em rapazes.
Praticamente não sai de casa...
- Eva... Não
vamos tomar conclusões precipitadas. Calma. – Tentou mostrar calma quando por
dentro só lhe apetecia fugir antes que o mundo lhe caísse em cima. – Já falaste
com a tua mãe? Tenta outra vez.
- A Deborah não
está lá. E não quero alarma-la. Acho que temos que ir à policia.
- Ainda são oito
da noite, ninguém te vai levar a sério. Os desaparecimentos são depois de 24 ou
48 horas, nem sei bem. Só sei que ainda é cedo.
- Quando lhes
mostrar o teste eles vão entender!
- Não! –
Vociferou. Eva, olhou para ele assustada. – Não. Eva, vamos primeiro procurar a
Deborah. Este assunto ainda é um assunto de família. Mesmo que digamos que ela
desapareceu vamos ocultar este facto da gravidez. Pode não ser nada.
- Como ocultar?
Ela pode estar com o bandido que lhe fez isto, Diogo.
- Eva... –
respirou, fundo para não perder a calma. – Tu neste momento estás a esquecer-te
da minha posição. Se não tivermos cuidado isto vai virar um circo. Os olhos vão
estar todos postos em nós.
- A tua posição?
É a nossa filha! Que vire um circo. Melhor... Que vire um circo e encontrem a
nossa menina o mais rápido possível. – Pegou no telemóvel.
Diogo, atirou o
telemóvel para o chão. Eva, olhou para ele incrédula e correu para apanhar o
telemóvel do chão.
- Eu já disse
que não! – Diogo gritou e empurrou-a. Eva, bateu com a cabeça no pé da cadeira
e perdeu os sentidos.
Diogo,
arrependido, aproximou-se dela. – Desculpa, Eva. Desculpa. Desculpa. Não foi
por mal. Deixa-me resolver a situação. Eu vou encontrar a nossa menina.
Desculpa...
Comentários
Enviar um comentário