Capítulo 19 - Laços de Família
Daniel,
abraçou Maria e levou-a para o quarto. Tapou-a delicadamente e preparou-lhe um
chá.
-
O que posso fazer? Como posso ajudar?
-
Daniel, por favor vai-te embora.
-
Como posso ir-me embora e deixar-te assim.
-
Estou habituada a virar-me sozinha. Por favor, só tornas as coisas mais
complicadas.
-
Maria... Vem comigo. Eu vou arranjar uma solução...
-
Por favor, Daniel. Vai-te embora. Imagina se o Pedro te tivesse encontrado
aqui? Ele poderia ter cometido uma loucura.
-
Eu não quero sair daqui sem ti!
-
Mas vai sair! Tens de sair! A escolha é minha, Daniel. Chega!
Daniel,
levantou-se e dirigiu-se para a porta. Estava trancada.
-
Maria, tens a chave? A porta de casa está trancada. O cabrão trancou-a quando
saiu.
Maria
saiu a custo da cama e procurou pela chave dela.
-
Não a encontro. Ele deve te-la levado com ele. E agora?
-
Eu posso arrombar a porta.
-
Se arrombares ele descobre que cá estiveste!
-
Eu não posso saltar a janela de um quarto andar, Maria. Arrombo a porta e vamos
os dois juntos. Tiro-te daqui.
-
Daniel, para com isso! Eu não vou sair daqui. Os meus pais precisam de mim. O
meu irmão precisa de mim.
-
Os teus pais sabem que é isto que tu fazes para viver? Sabem? E aceitam isto?
-
Os meus pais pensam que eu tenho vários trabalhos. Que passo a vida a trabalhar
e por isso não tenho muito tempo para falar com eles.
-
Tenho a certeza que se soubessem de onde vem o teu dinheiro não o aceitavam.
-
Para com isso! Queres que eu me sinta pior do que já me sinto é isso? Entraste
na minha vida para me atazanar?
-
Não! Quero que te valorizes. Que cuides de ti. Que te ames. Olha para o teu
estado. Estás um caco.
-
Não me vais consertar, Daniel. Arranja maneira de saíres por esta porta e nunca
mais voltares. Se mal consegues abrir uma porta trancada, que tipo de
salvamento tens em mente? Queres salvar-me? Salva-te a ti primeiro.
Daniel,
olhou para Maria e encolheu os ombros. Foi até à cozinha e procurou por uma
faca afiada ou uma chave de fendas. Tentou abrir a porta mas sem sucesso.
-
Olha vou ligar para um ferreiro vir cá abrir a porta. Ver se ele consegue
faze-lo sem danificar a fechadura para o teu palácio cor-de-rosa.
-
Sim, faz isso. E desaparece!
Passado
várias horas, Daniel, desceu as escadas do prédio e jurou nunca mais voltar. Se
a Maria queria ficar ali naquela vida, que ficasse. Ele tinha mais do que
fazer. Nunca se devia ter metido na vida dela. A escolha era dela. Gostava de
saber que tipo de pais tinha ela que recebiam aquele dinheiro todo e não se
questionavam sobre o que uma mulher sem educação superior, sem um negócio e
ainda por cima sem documentos fazia para ganhar a vida.
Estava
chateado com ele próprio. Foi até lá com intenção de a salvar e acabou
apaixonado por ela. Não aguentava saber que ela passava por aquele inferno e
ele não podia fazer nada para a ajudar. Queria protege-la. Precisava de
protege-la. Precisava de dinheiro! A única forma de a ajudar era arranjando
dinheiro e rápido. Daniel, cerrou os punhos e sentiu um arrepio na espinha. Sabia
bem onde arranjar dinheiro. Aquele primo filho da puta que perdia a cabeça com
criancinhas tinha muito para lhe dar.
Depois
do episódio que presenciou com as irmãs, Daniel, ameaçou-o e pediu para que se
afastasse da família. O porco não tinha tocado nas irmãs, mas apanhou-o com uma
bruta de uma ereção enquanto brincava com elas. Nunca mais tocou no assunto,
mas precisava de dinheiro. De certeza que o idolatrado Diogo Amaro não queria
que se soubesse das suas tendências doentias. Sentia-se mal por não ter tido
coragem de denuncia-lo para defender as irmãs mas, agora estar pronto para o
fazer para ajudar a mulher que a amava.
Pegou
no telemóvel e ligou para o primo:

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