Capítulo 28 - Raiva
Pedro,
acompanhou Deborah até à policia. Admirou a força da sobrinha e garantiu que
nada lhe iria acontecer. A polícia iria prender Diogo, apurar a verdade e
faze-lo pagar pelos seus crimes.
Deborah, foi
levada para o hospital. Teria de ser submetida a vários exames e para além do
mais, a avó estava lá junto à cama da mãe. Neste momento, o lugar mais seguro
para Deborah era mesmo dentro do hospital.
Pedro, prometeu
voltar em breve e que tanto ele quanto a tia fariam tudo para que nunca nada
lhe faltasse. Iriam protege-la como se de uma filha se tratasse.
Exausto, sentou-se
no carro a refletir. Nas últimas horas muita coisa tinha acontecido e, Pedro,
questionava-se sobre o rumo que as coisas poderiam seguir. Tudo parecia
interligado e tinha um pressentimento que estava tudo apenas a começar. Não
conseguiu entender o que o cabrão e o Diogo estavam a fazer no parque de
estacionamento. Do gajo só sabia o nome, João, e nem isso tinha a certeza se
era verdade. Que caminhos eram este que colocavam os três no mesmo local?
Pedro, sem se
dar conta, esteve na presença dos homens que mais odiava na vida, naquele
momento. O cabrão do padrasto da sobrinha que teve coragem de abusar de uma
criança inocente. Filhos-da-puta cobardes como ele davam-lhe nojo. Deborah, fez
bem em contar a verdade às autoridades mas a cadeia não era castigo suficiente
para esse monstro. Nem o fogo do inferno seria castigo suficiente para aquele
porco!
E o outro... O
outro que teve a audácia de se meter com o brinquedo dele. Pedro, precisava de
expelir os seus demónios e Maria era a solução. Não via o que fazia como
pecado. Ela consentiu nas regras do jogo e era paga para isso. Era uma adúltera
perdida na vida, e o máximo que podia fazer era servir como forma de alívio
para almas torturadas. No final, ela merecia o que tinha. E ele, ainda a
tratava bem até demais. O erro deve ter sido esse, devia te-la acorrentado como
um animal.
Desde pequeno
sempre teve uma certa raiva dentro de si. Sentia raiva do mundo e precisava de
a libertar, só não sabia como. No dia em que o pai levou-o à casa da D. Rosa,
era assim que a chamavam, Pedro viu a sua libertação. Iniciou a sua vida sexual
com as mulheres da vida, a conselho do pai. Elas já estavam perdidas, não
tinham outro caminho senão o inferno e ele precisava libertar os seus demónios
para se purificar. Um dia, quando se casasse não poderia comportar-se que nem
um animal com a esposa, com a mãe dos seus filhos.
Iria tratar do
intruso. Tinha de saber quanto ele sabia sobre ele e o que poderia fazer para o
calar. No entanto, se ele tivesse intenção de o chantagear ou desmascarar, já
devia ter feito alguma coisa. Provavelmente, só queria fuder aquela puta. Se
assim fosse, que ficasse com ela. De onde ela saiu, haviam muitas mais. Não gostava
de dividir nada com homem nenhum, se ele a quisesse que a levasse. Já estava
manchada para ele, de qualquer forma.
Cansado, ligou
para Neuza.
- Boa noite,
princesa. Acabei de deixar a Deborah no hospital, com a avó.
- Ah, sim?
Obrigada.
- O que foi,
Neuza? O que se passa? Que tom de voz é esse?
- Tom de voz?
Consegues entender o meu tom de voz?
- Claro.
Conheço-te bem. O que se passa, princesa?
- Conheces-me
bem? Tens muita sorte, então. Porque eu também pensava que te conhecia.
Pedro, sentiu o
sangue a gelar-lhe nas veias. Será que aquele cabrão tinha feito alguma coisa?
Tinha dito alguma coisa?
- Conheces-me,
claro. O que se passa?
- Se te conheço,
explica-me quem é o homem que está a beijar uma mulher na foto que tenho na
mão? Teu irmão gémeo?
Pedro, ficou em
silêncio. Não tinha palavras para responder.
- Pois...
Prefiro que não digas nada. Não ia suportar mais mentiras.
- Neuza...
- Pedro, faz-me
um favor. Hoje, não voltes para casa. Nem amanhã. Nem depois. Melhor, não
voltes nunca mais!
- Neuza, as
coisas não são bem assim.
- As coisas são
como eu digo que são, Pedro. Quem dita as regras agora sou eu. Vai ter com essa
serigaita.
- Neuza... Os
nossos filhos... Neuza, deixa-me explicar.
- Não há nada a
explicar. Não és o homem que eu pensei que fosses. Quebraste a tua promessa.
Juraste que nunca me irias magoar. Acabaste de o fazer de uma forma
incalculável. Não pensaste em nós? Na nossa família?
- Neuza... Eu
vou para aí.
- Não venhas,
Pedro. Não te quero ver.
- Está bem.
Amanhã, quando estiveres mais calma, eu ligo-te.
- Deixa-me em
paz, Pedro. Nunca pensei...
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