Capítulo 29 - Oportunista

Diogo, saiu do café e não perdeu tempo em seguir Deborah. Conhecia a enteada bem o suficiente para saber que iria em frente com a acusação. Não a podia impedir, sem causar um escândalo. Tinha muito pouco tempo até a bolha rebentar.
Foi para o apartamento, que manteve desde os tempos de solteiro, e recolheu algumas roupas. Decidiu levar a arma consigo. Confirmou se estava carregada e atirou para dentro do saco. Pode ser que viesse a precisar dela. Antes morto, do que preso. A denúncia da Deborah iria resultar em prisão, com toda a certeza. Poderia negar, dizer que era invenção da enteada, mas um teste ao feto iria confirmar que ele era o pai. Não valia a pena mentir. Ou assumia ou fugia. Como o cobarde, que sempre foi, decidiu fugir.
O que estava a acontecer era culpa dele. Teve várias oportunidades de se afastar de Deborah. Teve várias oportunidades de se separar. Podia ter pedido o divórcio. Podia ter resistido e nunca ter tocado na miúda. O erro foi começar. Começou e nunca conseguiu parar. Torturava-se noites a fio a pensar na criança angelical que dormia no quarto ao lado. As noites de sexo que teve com a esposa eram sempre fruto da ereção obtida a observar Deborah. No inicio pensou que seria suficiente. Que usar Eva como uma forma de alívio sexual seria suficiente. Mas Deborah, inocente, cedia aos seus pedidos.
A forma como o tocava levava-o ao paraíso. A primeira vez que lhe pediu para tocar no pénis, Diogo quase que explodiu no primeiro segundo. O desejo que reprimia há anos, soltou-se tal qual a caixa de Pandora. E obviamente que não foi suficiente. A necessidade de consumar o ato, assombrou-o durante meses. Até que surgiu a oportunidade ideal. Melhor, até que ele forçou a oportunidade ideal. Marcou umas férias de uma semana para Eva e a sogra. A sogra sempre sonhara conhecer a Grécia, e ele como melhor genro do mundo, ofereceu-lhe a viagem. Convenceu Eva, que a viagem sem a menina seria mais descontraída. Que ambas mereciam...
Na primeira noite, Diogo, aproximou-se da menina e disse que a amava muito e que precisava de saber se ela o amava do mesmo jeito.
- Claro, papá. – respondeu, Deborah, inocente.
Diogo, gentilmente, besuntou-a com lubrificante pois queria magoar-lhe o menos possível. No fundo, pensou que se o fizesse bem feito a menina poderia gostar. E se gostasse iria querer mais... Sem saber como, Diogo, conseguiu consumar o ato. Deborah, gemeu e chorou, mas ele explicou-lhe que Jesus também mostrou o amor pelo pai com sofrimento. Explicou-lhe que por vezes as provas de amor vêm acompanhadas de dor e sofrimento, mas que depois passa.
Depois do ato, Diogo, levou-a para a banheira e deu-lhe um banho. Lavou cuidadosa e carinhosamente.
- Tu deste-me o melhor presente do mundo. O melhor presente que um pai pode ter. – disse-lhe vezes sem conta tentando mostrar a sua gratidão esperando que ela entendesse a grandiosidade do seu amor por ela.
Durante essa semana, Diogo não se aproximou mais de Deborah. Cuidou dela, de forma a que quando a mãe chegasse a menina já não tivesse dores. Quando Eva voltou, Diogo fez os possíveis para nunca as deixar sozinha. Não podia permitir que Deborah contasse alguma coisa à mãe. O tempo passou e Deborah cumpriu a sua promessa. Não contou nada à mãe. Diogo, passou do remorso e medo para alívio. E o alívio rapidamente passou a coragem e voltou a repetir a dose. Várias vezes, sempre se prometendo que ia parar. Mas quanto mais o fazia, mais fácil se tornava o ato com a menina. Menos dores, menos dias necessários para a recuperação, mais oportunidades...
Era um cobarde! Devia ter parado! Mas era tão fácil. Parecia tão fácil. Não merecia viver! Não merecia o ar que respirava, mas não tinha coragem de acabar com a própria vida. Várias vezes pensou em faze-lo. Por várias vezes quase chegou a faze-lo. Mas nunca conseguiu consumar.

Sentou-se no carro sem saber para onde ir. Não estava preparado para fugir. Era uma figura pública, seria reconhecido em todo o lado. Não reparou no vulto que se aproximou da janela do mesmo. Assustou-se com o barulho do vidro a partir e com a chuva de estilhaços para cima de si. Sentiu-se a ser arrastado para fora do carro. Não conseguiu ver quem era. Tentou levantar-se e levou com uma violenta pancada na cabeça. De repente, tudo era negro e frio. 

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